Com reconhecimento, bioma ganha prioridade para receber financiamento

A Mata Atlântica, bioma que já preencheu boa parte da costa brasileira e ainda se estende por Paraguai e Argentina é uma das dez referências mundiais em restauração, segundo anúncio feita na manhã desta terça-feira (13) pelo Pnuma (Programa Nações Unidas para o Meio Ambiente) e o FAO (Organização das nações Unidas para Alimentação e Agricultura).
Evento aconteceu como parte da COP15, a conferência da biodiversidade da ONU, que até o próximo dia 19 visa concluir o próximo acordo global sobre o tema, prioritário para agenda das Nações Unidas, que definiu o período de 2021 a 2030 como década da restauração.
com o reconhecimento, o bioma ganha prioridade da ONU para receber financiamento e apoio técnico para a restauração.

"Agora não se trata mais de conservar o que restou, mas restaurar para garantir serviços ecossistêmicos. Lá atrás, falava-se na proteção das espécies ameaçadas, agora há essa nova visão de como esses ecossistemas garantem a água, alimentos e até energia em alguns lugares, além de sequestrar carbono", avalia diretor-executivo da fundação SOS Mata Atlântica, Luiz Fernando Guedes Pinto.
"Essa nomeação ajuda a alavancar a restauração e a função dos ecossistemas para a humanidade, com uma ligação direta entre a restauração, a economia e o bem-estar das pessoas", ele aponta.
A mata atlântica já havia sido reconhecida como um "hotspot" da biodiversidade - ou seja, uma das regiões prioritárias para a conservação global, devido a alta concentração de diversidade biológica e de espécies endêmicas, associadas a alto risco de extinção - e também foi nomeada como uma reserva da biosfera pela Unesco.
Cerca de 700 mil hectares já foram restaurados na mata atlântica e o objetivo do pacto de restauração a mata atlântica é chegar a 1 milhão em 2030 e 15 milhões em 2050. Além do pacto - rede que articula atores nacionais pelo conservação do bioma - , a meta também conta com esforços internacionais da rede trinacional de restauração, concentrada no alto Paraná, envolvendo também a Argentina e o Paraguai.

Segundo a análise divulgada em novembro pela SOS Mata Atântica, o bioma é responsável pela produção de 50% dos alimentos consumidos pela população brasileira. O estudo também destaca que a mata emite somente 26% dos gases do efeito estufa do setor agropecuário do país.
Nós últimos anos, porém, o desmatamento na mata atlântica voltou a crescer. Em relação ao período de 2017-2018, quando o desmate do bioma registrou as menores taxas históricas, o aumento entre 2020-2021 foi de 90%, revertendo a tendência de zerar a derrubada da floresta, segundo o atlas da mata atlântica publicado no último maio, a partir dos dados do INPE e da Fundação SOS Mata Atlântica.
Ainda segundo o atlas, o desmate do bioma cresceu 66% entre 2020 e 2021 se comparando ao período anterior (2019-2020). cerca de 89% do desmate ficou concentrado em 5 estados: Minas Gerais, Bahia, Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.
Segundo mapa do Mapbiomas, a cobertura florestal da mata atlântica caiu 27,1% em 1985 para 25,8% em 2020. Hoje, 1/4 do território é ocupado por pastagens, outros 15% por agricultura e 16% por uma mistura de ambos.
Para chegar aos 10 biomas de referência, a ONU criou um comitê de pesquisadores para avaliar cerca de 20 critérios, como envolvimento de comunidades locais na tomada de decisão, formação de coalizões, contribuição para acordos internacionais de redução de emissão e potencial crescimento e replicabilidade. E todo mundo, 156 iniciativas se candidataram ao titulo de referência em restauração ("flagship", no termo em inglês).
Juntas, as dez iniciativas "carro chefe" carro chefe da restauração visam a restaurar mais de 68 milhões de hectares e devem criar 15 milhões de empregos.

Além da mata atlântica, foram eleitos como referência: Restauração marinha de Abu Dhabi; a Grande muralha Verde da África; o rio Ganges, na Índia; as montanhas da Sérvia, Quisrguistão, Uganda e Ruanda; as pequenas ilhas de Vanuatu, Santa Lucia e Comores; as estepes Altyn Dala, na Ásia Central; o o corredor seco da América Central e a iniciativa de Shan-Shui, na China.
Segundo o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, essas são as dez iniciativas mais ambiciosas, visionárias e promissoras da restauração de ecossistemas.
"transformar nossa relação com a natureza é a chave para reverter a tripla crise planetária de mudança climática, perda da natureza e biodiversidade, poluição e resíduo", afirmou a diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen.
no evento dessa terça, junto ao anuncio das dez referências mundiais em restauração, o Ministério do Meio Ambiente da Alemanha anunciou o acréscimo de US$7 Bi (R$37 bilhões) às contribuições atuais do país - que atualmente somam US$ 48 Bi (R$252 bilhões) - para o Fundo da Década da Restauração da Biodiversidade.
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