
Ao longo das quase últimas quatro décadas, o trabalho do antropólogo paulista Eduardo Brondizio tem como foco a Amazônia. Ele estuda a transformação de sua paisagem, seus mercados de commodities e seu impacto nas vidas das comunidades rurais, indígenas e urbanas.
“A região está no centro da conversa global sobre as mudanças climáticas“, diz ele. “Por meio do trabalho colaborativo, estamos contribuindo para tornar as transformações da Amazônia visíveis por meio das perspectivas das pessoas que vivem lá. Devemos tornar suas perspectivas, contribuições e lutas visíveis nesta conversa.”
Por causa da importância de suas pesquisas, que buscam compreender melhor e dar visibilidade a essas diferentes populações que vivem na região onde fica a maior floresta tropical do mundo, Brondizio acaba de receber o Tyler Prize for Environmental Achievement 2025, considerado um dos mais importantes prêmios na área de meio ambiente do mundo, que reconhece o “trabalho extraordinário conectando a biodiversidade à humanidade.” Entre aqueles já agraciados com a premiação estão Thomas Lovejoy e Jane Goodall.
Brondizio dividirá o Tyler Prize com a ecologista argentina Sandra Díaz, que faz pesquisas sobre a diversidade funcional das plantas, como a variedade de papeis que esses organismos desempenham dentro dos ecossistemas.
Nascido em São José dos Campos, Brondízio é formado em agronomia pela Universidade de Taubaté. Lá ele já começou a se interessar pelo tema da mudança no padrão de uso da terra de comunidades rurais. Depois de uma passagem pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Fundação SOS Mata Atlântica, onde desenvolveu o primeiro atlas do domínio da Mata Atlântica, foi fazer doutorado em antropologia ambiental na Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, em 1991. E foi naquele país que acabou se estabelecendo profissionalmente.

Atualmente Brondizio é professor da Escola de Ciências e Artes da Universidade de Indiana – Bloomington, onde desde 2015 também é diretor do Centro de Análise de Paisagens Socioecológicas. Autor de oito livros, também faz parte de diversos comitês científicos internacionais, incluindo o Comitê Científico do Programa internacional Future Earth e do International Geosphere Biosphere Program (IGBP).
“A pesquisa de Eduardo Brondizio iluminou o papel vital dos povos indígenas e comunidades locais na conservação”, afirmou Julia Marton-Lefèvre, presidente do júri do Prêmio Tyler.
“Eduardo é um visionário, um acadêmico multidisciplinar excepcional que aplicou sua pesquisa e conhecimento em uma variedade de campos para problemas urgentes e complexos que impactam comunidades locais, bem como a biodiversidade do planeta”, complementa Rick Van Kooten, reitor executivo da Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Indiana Bloomington. “Além disso, ele é um professor dedicado e mentor de seus alunos, preparando-os para enfrentar esses desafios como futuros líderes.”
Essa é a primeira vez que a premiação foi concedida a pessoas de nacionalidade sul-americana. Criado em 1973 pelos ambientalistas e filantropos John e Alice Tyler, o prêmio homenageia indivíduos e organizações e os ganhadores são indicados por um comitê de pesquisadores e cientistas das maiores renomadas universidades e organizações de estudo dos Estados Unidos.
O antropólogo brasileiro já recebeu diversos outros reconhecimentos internacionais, entre eles, o Volvo Environment Prize, em 2023.

Por Conexão Planeta.
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